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Ynis Afallach – Quem vai morar lá?


Lugar lindo! Verdes pastos com rios e cachoeiras, e ao redor de tudo isto um mar de profundo azul da cor dos olhos de Manannan. É o que dizia uma senhorinha gentil, de 88 anos, ao falar do Tir na nOg ou terra das maçãs, ou outros nomes que o nosso povo celta costuma chamar o seu lugar de descanso. Lugar este que apenas alguns terão direito de desfrutar.

Alguns? É, alguns. Eu diria poucos irão para lá.

Acho uma graça o pagão encher a boca, e falar: “- Na nossa religião, não existem regras, não existem normas” e me pergunto: Quem é que começou a espalhar essa asneira? Temos regras sim! Fundamentais e históricas. Vai achando que é a casa da mãe Joana que você ta mal. Não temos leis, regras e normas que constem em um livro tido como sagrado. Mas é bem claro que alguns pontos são fundamentais na nossa cultura religiosa para alcançarmos esse lugar. Os principais para mim, até por conta da história de nossos Deuses, são: A lealdade e a honra. Bases fundamentais do caráter do ser humano. Este conjunto de povos, dos quais provém a nossa religiosidade, viveram há mais ou menos 400 a.C. e sobreviveram até o século 4 ou 5 d.C. Aí, vem uma jovem “figura” e diz: “Nós não temos regras. Nossa religiosidade é livre.” Ah tá. Vai pensando assim que você não passa nem na porta do Ynis. Essas novas ideias, esses novos pensamentos, podem ser mudados de uma hora para outra, sem mais nem menos? Minha resposta. Mesmo soando duramente. Não. Temos tradições boas, que não podem ser apagadas, refeitas ou esquecidas. Por quê? Devem estar se perguntando agora. Não haveriam outras ideias? Novas diretrizes? Sim, haveriam. Mas, tudo, absolutamente tudo que for mudado, deve manter-se em um contexto mínimo de estudos do povo, do qual herdamos seu culto. Tradições existem muitas. Clãs, milhares. Casas de Bruxaria, as centenas, eu diria. Mas, dentro do que se pode alterar, sempre existe um foco. E este foco é a honra e a lealdade. Sempre caminhando de mãos dadas. Pois existem e sempre existirão características do que é bom e do que é ruim. Os celtas deixaram para nós, através da história de seus Deuses, tradições faladas ou escritas por outros povos que, só entra no Ynis Afallach, o honrado e o honesto. E ponto. Cheguei e tocarei em assuntos que sei que muitos torcerão o nariz. Em todas as religiosidades. Para irmos para o melhor lugar, temos regras. E a nossa religião não é diferente disso. Temos que ter méritos, cabíveis e exigíveis pelos nossos Deuses para isso.

Exemplos: Campos Elíseos, Valhala, Svarga, Aalu, entre outros. E porque não citar o céu cristão? Todos têm os seus opostos também. Para onde não se deseja ir.

Agora lhe pergunto, quais regras deverão ser seguidas para então passarmos pelos portões do Ynis? Ora, quando falamos em caráter, honra e lealdade, as respostas começam a ficar claras. Adoro exemplificar. Temos um namorado? Ou namorada? Um marido ou esposa? E o casamento ocorreu nos seguintes acordos. Em confiança, sem traições. Fechado, como dizem por aí. Então, um dos parceiros sai com outra pessoa. E se torna um desleal. Pois, foi de encontro ao que fora acordado. Esta pessoa passa a ser um sem caráter. Pois tinha deixado sua palavra firmada com o outro a qual se relaciona. E nossa regra é clara. Melhor do que futebol. Honra. Sua palavra perde esta honra. E conosco, não tem blá blá blá do deus cristão misericordioso. Não gostou? Dá tempo. Vira cristão. Lá eles erram, matam, estupram, fazem todo tipo de atrocidade, mesmo acreditando em deus, e no momento final, se pede o famoso perdão. E o deus bonzinho deles perdoa todos os pecados. Tente fazer isto e passar pelos portões de cara limpa, e de cabeça erguida por Morrighan. Você acha que ela vai dizer tadinho? Ele fez um monte de “m” mas é tão bonzinho? Vou deixa-lo entrar? Há.ha.ha. Nem tente. Ela é uma deusa, não um fantoche idiota que passa a mão em nossas cabeças. Errar sem ter noção de que errou é humano. Errar sabendo que está errado, achando que os nossos deuses vão lhe perdoar só por causa de uma carinha bonitinha é o máximo da idiotice! Porque para eles, isto é safadeza, e não tem perdão. Morrighan é uma deusa de liberdade, mas não se deve confundir com libertinagem. Sou pagã e não tenho medo de afirmar que para o Ynis essa pessoa não vai. Lá é lugar do justo, do honesto e do leal.

Vou continuar essa conversa, usando exemplos bem polêmicos. O homossexual no nosso grupo. Não encontrei, me corrijam os estudiosos, nada que proíba um gay de entrar em nossa religião. Mas, para estes, como para qualquer pessoa, a lei é a mesma. Então o que vale para mim, vale para qualquer ser vivente. Ser gay não é erro, não é “pecado”. O problema é ser desleal. Duas pessoas do mesmo sexo tem todo direito de relacionar-se, desde que a fidelidade acordada seja cumprida. Nossa que antiquado! Vocês devem falar. O problema é quando o acordo é descumprido. E aí você cai em desonra não só com seu companheiro, mas também com os valores dos Deuses. O Ynis Afallach não é o congresso nacional, e quem veio para nossa religiosidade porque nela não existem regras, está redondamente enganado. Porque quando tiramos proveito da ingenuidade de alguém, prejudicando essa pessoa, nós iremos para o “raio que o parta”, mas não para o Ynis. Quando traímos nossas amizades e amores, quando desmerecemos a confiança dada e nos aproveitamos da ingenuidade alheia, nós iremos para “marte”, mas não iremos para o Ynis. Porque lá é a casa dos guerreiros, dos grandes companheiros, leais, honrados, aqueles que têm palavra. Não é um lugar para um picareta sem escrúpulos que quer brincar de ser pagão. Paganismo é alma. É coração. Não é uma brincadeira de adolescente desajustado socialmente que quer fazer raivinha nos pais cristãos. Não é lugar para gente que quer ser diferente chamando atenção ou virar o “esquisitão”. Os pseudo bruxos da vida, destes rebeldes, estamos cheios. Quer entrar para o paganismo? Estude. Leve a sério. Para não falar besteiras. Para que eu não tenha que escutar asneiras. E para que você não acabe sendo guiado por gente doida e incompetente que quer satisfazer seus desejos podres, dizendo por aí que é “sacerdote”, saindo com uma conversa barata que não há regra nenhuma para seguir o paganismo. Principalmente que não há regras sexuais. Como disse, adoro exemplificar. Fico imaginando um celta dos tempos remotos onde não tinha quase inimigos, sabe? Que não tinha problema em ser desmoralizado e desonrado, pegando a digníssima esposa distribuindo a roseira para todos os vizinhos. Que lindo! Ele ficaria tão feliz! As esposas dos outros também ficariam numa alegria incontida! Essa lindinha poderia esperar uma facada ou machadada bem no meio da cara, para aprender a ser uma mulher. Em uma tribo isso não era permitido. E tem muita gente que afirma que na nossa religião o sexo é livre. Livre? É... livre sim. Para quem não tem compromisso. Agora para quem tem isso é uma desonra. E não pode. E não me venha dizer que isso é normal, porque não é. Porque você só casa se você quiser. Só se compromete se você quiser. A não ser que o teu companheiro ou companheira tenha deixado isso bem aberto para você. Devem ter pessoas perguntando, o que o Ynis tem haver com isso Morrighan? Minha resposta viria certeira como um raio. TUDO! Onde não há justiça, não há lealdade. Onde não há lealdade, não há honra. E onde não há esse conjunto de valores, não existem os herdeiros do Ynis Afallach. Existem uma série de bocas grandes a falar o que o povo quer ouvir, por conveniência, com seus falsos valores, que são a fama, o prestígio, e o dinheiro. Mas meu compromisso não é com nada disso. É com os deuses e nada mais. E sabe quero ir para o Ynis Afallach, passar de pé ao lado de Morrighan, olhando em seus olhos sem medo de sua espada. Sem medo de portões fechados.

Que assim seja e assim se faça!

Morrighan S.S. Brigante


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